domingo, 4 de janeiro de 2009

DO CIDADÃO CALOLÉ AO CIDADÃO QUILOMBOLA NA ROTA DA LIBERDADE.

A experiencia de 21 anos de trabalho da Organização Não Governamental CEPASC – Centro de Estudo Pesquisa e Ação Sócio Cultural, no municipio de Cachoeira, contribuiu para a elaboração e implementação do projeto integrado de agricultura, apicultura e pesca artesanal, como também o resgate, valorização e difusão das manifestações da cultura tradicional, como forma de estimular a organização comunitária das populações afrodescendentes remanescentes do período escravista que serviram de mão de obra para mover o plantio da cana de açúcar e sua transformação nos Engenhos localizados na Bacia do Iguape, no Recôncavo da Bahia.

A ROTA DA LIBERDADE UMA VIA PARA O TURISMO ÉTNICO ECOLÓGICO

Nesse fértil ambiente de massapê, o Ponto de Cultura Rede Terreiro Cultural, através das ações: agentes jovens cultura viva que compõem a companhia de dança afro dirigida pelo coreografo e militante politico comunitário Ananias Nery Viana; ação griô com a Ialorixá Juvani Nery Viana, do Terreiro de Candomblé 21 Aldeia de Mar e Terra, da comunidade quilombola do Caonge, concebeu a possibilidade da construção do projeto de turismo étnico ecológico, batizado de "Cidadão Quilombola na Rota da Liberdade", explorando as potencialidades históricas do legado cultural afrobarroco; da convivência e desenvolvimento desses grupos humanos, através do extrativismo dos manguezais; da culinária com as deliciosas moquecas de peixes, mariscadas, carurus e outros petiscos temperados com azeite de dendê, alem das manifestações de samba de roda, capoeira, esmola cantada e outra expressões artísticas tradicionais.

PREMIO CULTURA VIVA RECONHECEU TECNOLOGIA SOCIOCULTURAL EM REDE

O sucesso dessas ações, com aplicação de metodologias com base no planejamento estratégico participativo, foi objeto de reconhecimento como proposta semifinalista no concurso nacional em 2006, do Premio Cultura Viva, na categoria tecnologia sociocultural, apresentado pelo CEPASC. Essa iniciativa do Ministério da Cultura, com patrocínio da Petrobras que contou com 1.532 inscrições, vindas de 517 municípios brasileiros.

Na condição de assessor técnico e militante politico cultural, Lu Cachoeira ressalta que: “a origem dessa práxis sociocultural e politica nas comunidades tradicionais na Bacia e Vale do Iguape, teve como ponto de partida no ano de 1990, a implementação do Projeto Cidadão Calolé, numa área de terra de aproximadamente 40 hectares, envolvendo media de 20 agricultores familiares das localidades do Calolé e Imbiara, com o plantio consorciado em regime de trabalho coletivo, e mais outros produtores com plantações na comunidade do Engenho da Ponte. Esse projeto contou com a coordenação e assistência técnica e comunicação rural, de agrônomos do CEPASC, e especialistas em apicultura da AAR - Associação dos Apicultores do Recôncavo, com financiamento da Prefeitura Municipal de Cachoeira, na gestão do popular Salu, que assegurava o suporte da verticalização da cadeia produtiva até à comercialização coletiva, garantindo a geração de trabalho e renda, vale ressaltar que nessa época não existia disponibilidade de PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar”.

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